Policial é julgado na Irlanda por atropelar filho do prefeito de São José dos Campos; jovem teve perna amputada
08/05/2025
(Foto: Reprodução) O policial julgado é acusado de direção perigosa causando lesões corporais graves. João Henrique Thomaz Ferreira, de 25 anos, trabalhava como entregador em Dublin e teve a perna amputada após ser atropelado por um carro da polícia em 2023. Filho do prefeito de São José dos Campos teve perna amputada e foi internado após ser atropelado por carro da polícia na Irlanda.
Arquivo pessoal
Um policial da Irlanda está sendo julgado pela Justiça irlandesa por ter atropelado o jovem João Henrique Thomaz Ferreira, de 25 anos, que é filho do prefeito de São José dos Campos (SP), Anderson Farias (PSD). O oficial passou por audiência nesta quinta-feira (8).
João Henrique trabalhava como entregador em Dublin e teve a perna direita amputada após ser atropelado por um carro da polícia na Irlanda, país europeu onde morava há cinco anos. O caso aconteceu no dia 28 de outubro de 2023. Amigos e familiares afirmam que o atropelamento foi intencional - leia mais detalhes abaixo.
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De acordo com informações apuradas pela TV Vanguarda, o policial que enfrenta julgamento é o guarda Neil Doyle. Ele é acusado de direção perigosa causando lesões corporais graves.
Após o caso ser investigado pela Comissão do Provedor de Justiça da Garda Síochána (GSOC), uma espécie de corregedoria local e que suspeitava de que o atropelamento tivesse sido intencional, foi aberto um processo criminal contra o policial.
Nesta quinta-feira (8), durante audiência, o policial deu um passo à frente quando o caso foi chamado para análise, mas não se dirigiu ao tribunal.
O juiz informou que, caso o policial se declarasse culpado, o processo continuaria a ser avaliado no Tribunal Distrital, mas, caso contrário, o processo teria que ser levado ao Tribunal de Circuito, que tem poderes de sentença mais amplos.
No entanto, o policial não apresentou nenhuma alegação. O advogado que representa ele solicitou que fosse feita a divulgação de provas da acusação.
Com isso, o promotor solicitou o adiamento da audiência em quatro semanas e o juiz concedeu o pedido.
Ainda segundo a apuração da TV Vanguarda, o policial Doyle deve retornar no dia 12 de junho para apresentar uma declaração de culpa.
Em entrevista para a TV Vanguarda, Sheila Ferreira, mãe de João e esposa de Anderson, falou sobre o processo e a busca da família por justiça.
"Agora começou o julgamento do guarda que atropelou meu filho. Agora começa o processo-crime em cima dele. É como se o Ministério Público do Brasil tivesse processando alguém por um crime. É o que está acontecendo agora. Ele é chamado como réu, se apresentou hoje. Graças a Deus, ele foi. Isso é bom. Ele se apresentou e, a partir deste momento, ele começa a ser julgado", afirmou Sheila.
"Vendo o João, vendo qual foi a consequência da imprudência dele, (a juíza) viu tamanha gravidade, a amputação, ela já acelerou tudo isso. Isso é favorável para gente. Ela já remarcou a próxima audiência para o dia 12 de junho. Então, vai fazer o processo andar mais rápido por conta da lesão ter sido muito grave, muito grande e ter mexido tanto com a vida do João", completou.
Mãe de João fala sobre processo na Irlanda e busca da família por Justiça.
Ainda segundo Sheila, a família está na expectativa para a audiência que deve ser realizada no dia 12 de junho, momento em que o policial deverá se declarar culpado ou inocente.
“No dia 12 de junho, ele vai ter que se declarar culpado ou inocente. Ele vai ter que se apresentar. Dia 12 é um dia muito importante. Estaremos aqui de novo. É a ali que vai decidir tudo. A juíza vai decidir também qual a instância, qual a gravidade. Aqui tem várias instâncias de gravidade. Então, ela está na mais leve, na primeira. Ela pode colocar isso em uma quarta instância, que é a mais grave devido à lesão causada. Tudo isso vai ser decidido no dia 12”, afirmou.
Mãe de João fala sobre encontrar com policial pela primeira vez
Sheila também comentou sobre o momento difícil que foi encontrar, pela primeira vez, com o policial que atropelou o filho dela.
“Foi muito chocante encontrar com aquela pessoa. Mas foi tudo bem. Ninguém se alterou. Foi tudo tranquilo. Várias coisas passaram na minha cabeça (ao ver o guarda que atropelou). Mas a gente não pode deixar a emoção tomar conta neste momento. É duro, difícil de ver a pessoa que machucou seu filho. É muito chocante. Ele tá ali, como se nada tivesse acontecido. Meu filho podia ter morrido na hora. Ele nem prestou socorro. Para mim, é algo muito marcante", disse.
"O João tem mais estômago que eu. Ele conseguiu ficar mais tranquilo. Eu fico mais nervosa. Mas ele foi bem. Estou pedindo a Deus muita sabedoria para lidar com essa fase agora. Lidei com a saúde do João, com a perna dele. Agora tenho que encarar a realidade de encontrar com esse cara em cada audiência e saber me controlar", finalizou.
O processo criminal segue em andamento na justiça irlandesa e não tem previsão de quando deve ser encerrado.
O g1 não conseguiu localizar a defesa do policial. A matéria será atualizada caso os advogados se manifestem.
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Atropelamento
O jovem João Henrique Thomaz Ferreira, de 25 anos, que é filho do prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), foi atropelado por um carro da polícia em outubro de 2023, na Irlanda, país onde morava há cinco anos. O rapaz teve a perna direita amputada e ficou internado por 52 dias.
De acordo com uma nota enviada pela polícia à Rede Vanguarda, o atropelamento ocorreu no dia 28 de outubro daquele ano, no cruzamento 11 sentido norte da estrada M50, em Dublin. O rapaz foi atropelado por um carro da polícia e ficou prensado contra uma barreira metálica de proteção da pista.
Ainda segundo a nota da Polícia da Irlanda, os serviços de emergência compareceram ao local do acidente e confirmaram que o atropelamento envolveu um veículo oficial da Polícia Rodoviária.
O rapaz foi levado ao Hospital Universitário de Tallaght, onde recebeu tratamento para ferimentos graves.
Policial que dirigia o carro que atingiu João na Irlanda.
Anderson Davi/Arquivo pessoal
Na época do acidente, o g1 acionou o Itamaraty, que informou que estava acompanhando o caso e prestando a assistência consular cabível. Além disso, disse que o diplomata da Embaixada esteve em contato com a família do brasileiro, e realizou visita ao hospital onde se encontrava a vítima do atropelamento.
"A Embaixada buscará, junto às autoridades policiais irlandesas, maiores informações sobre o ocorrido", completou.
O caso gerou revolta entre entregadores em Dublin, na Irlanda, que se solidarizaram com o João e protestaram contra a xenofobia com imigrantes, pedindo o fim da violência e que o atropelamento de João fosse investigado, já que havia a suspeita de que o atropelamento tivesse sido provocado intencionalmente.
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