Boneco do Homem de Ferro enterrado com bombeiro ajuda família a encontrar ossada desaparecida em cemitério de SP
15/04/2025
(Foto: Reprodução) Ivanilde Andrade, filha de Milton Maria de Andrade, relatou à TV Globo que pagou mais de R$ 700 pela exumação. Parentes foram surpreendidos ao encontrarem outro corpo na sepultura em que Milton deveria estar. Família registrou boletim de ocorrência após corpo desaparecer em cemitério da Zona Leste de SP
Reprodução/TV Globo
A família do bombeiro Milton Maria de Andrade, que registrou boletim de ocorrência após o corpo dele não ser encontrado no Cemitério da Vila Formosa durante exumação para transferência ao ossário, encontrou a ossada dele nesta terça-feira (15).
Segundo a filha de Milton, Ivanilde Andrade, o encontro ocorreu graças a um boneco do Homem de Ferro que foi colocado no caixão por um sobrinho do bombeiro. Com isso, a ossada, que estava em uma sepultura abandonada, foi reconhecida.
"Foi um certo alívio, porque hoje foi muito tenso. Eu e minha irmã passamos mal porque foi feita uma reunião antes, e o nome do meu pai não consta nos livros e em nenhum registro. Mas ele estava numa sepultura abandonada", afirmou.
O SP2 mostrou o caso da família de Milton. Ele morreu em julho de 2018, aos 82 anos, vítima de parada cardíaca. Ele foi policial militar e atuou na Rota, na Cavalaria e no Corpo de Bombeiros, sendo homenageado por salvar uma pessoa em um incêndio em edifício no Tatuapé, na Zona Leste.
Boneco enterrado com corpo de bombeiro ajudou família a encontrar ossada desaparecida em SP
Arquivo pessoal
A filha relatou que a primeira tentativa de exumação ocorreu três anos após a morte, mas foi adiada devido ao estado conservação que o corpo se encontrava.
Em 22 de março deste ano, a família retornou ao cemitério para uma nova tentativa, mas foi surpreendida ao encontrar outro corpo, de uma mulher, na sepultura em que os restos mortais de Milton deveriam estar.
"A lápide era a do meu pai, com uma foto dele, o número todo certinho. Nada foi alterado. Só que, devido à troca de concessão do cemitério, nos informaram há um tempo que mudaria o número do terreno. Nos passaram esse novo número e foi nesse que nos informamos lá", contou Ivanilde.
"No sistema, tudo batia certinho com os dados do meu pai, mas quando chegou o dia da exumação, e que foram fazer, não era o meu pai. Abriram a sepultura ao lado, tanto do lado direito como do lado esquerdo, pois poderia ter ocorrido algum erro. Abriram as duas e não era", disse.
A família reagendou a exumação para 29 de março, mas, novamente, o corpo não foi encontrado.
"É uma humilhação muito grande. É muito vergonhoso. O meu pai, que trabalhou a vida inteira, que deu a vida por muitas pessoas, ser tratado dessa forma, como se ele não tivesse existido. A família sofre porque para eles é só osso e dinheiro e para nós, não. Para nós é a história de uma vida. Ele era meu herói. Era meu melhor amigo, um grande homem", afirmou Ivanilde.
A SP Regula, órgão da prefeitura responsável pelos cemitérios concedidos, afirmou que investigava o caso e analisava o pedido de ressarcimento da taxa de exumação, com um prazo de resposta de 30 dias.
Já a concessionária Consolare, responsável pela administração do Cemitério da Vila Formosa, declarou que enviou todas as informações à SP Regula e que, desde que assumiu a gestão, não houve movimentação de sepulturas, apenas uma reorganização da nomenclatura.
A família registrou um boletim de ocorrência por ocultação de cadáver, e a Secretaria da Segurança Pública informou que o caso estava sendo investigado.
Milton Maria de Andrade morreu aos 82 anos
Reprodução/TV Globo
Outros problemas no Cemitério da Vila Formosa
Família denuncia sumiço de corpo após exumação em cemitério da Zona Leste de SP
Reprodução/TV Globo
O desaparecimento do corpo de Milton não é o único problema registrado no Cemitério da Vila Formosa. Há mais de duas semanas, o SP2 denunciou o estado de abandono do local, com mato alto e sujeira.
Desde que a concessão dos cemitérios municipais foi transferida para empresas privadas, há dois anos, as reclamações se tornaram frequentes. Entre as principais queixas estão a falta de manutenção, cobranças abusivas, exumações irregulares, insegurança e falta de transparência na gestão.
A SP Regula informou que já aplicou mais de R$ 3 milhões em multas às concessionárias responsáveis pelos cemitérios devido a irregularidades.